Esse artigo tem como objetivo procurar entender o “porquê” dessa crise institucional estabelecida em Bom Jesus do Itabapoana. Vejamos,
Bom Jesus sempre teve eleições acirradas, disputadas intensamente, onde no período eleitoral toda a sociedade se envolvia a fundo nos debates, comícios, passeatas e demais eventos de campanha, o tema se torna presente em todos os cantos do município, o Bom-Jesuense adora política.
E as eleições eram tão disputadas, que em 1982 tivemos a inusitada situação de dois candidatos a prefeito em um mesmo partido, Paulo Portugal e Carlos Garcia pelo extinto PDS, e mesmo com todo acirramento nas disputas, havia senso político civilizado, a ponto desses dois candidatos dividirem o mesmo palanque no comício da Praça Gov. Portela, e aquele comício foi memorável contando com a presença de Eliana Pittmann e Wilson Simonal se apresentando nesse dia.
É fato também que sempre houve algumas distorções democráticas como a troca do voto por favores pessoais e doações de material de construção etc, isso sempre existiu, mas nunca comprometeu a legitimidade dos pleitos eleitorais até 1996, o candidato que ganhava tinha o reconhecimento do derrotado.
Porém a partir de 1999 começou uma triste era da “Política Rasteira e Intervencionista”, onde um certo vereador opositor ao governo vigente, entrou com um projeto de lei na câmara propondo um reajuste do piso salarial muito acima das possibilidades financeiras da prefeitura, esse vereador se dedicou a fundo na articulação desse projeto, procurou todos os setores da administração pública levando seus argumentos com base em cálculos tão mirabolantes quanto fantasiosos, e ele conseguiu convencer os servidores que era possível cumprir esse reajuste, e em uma incansável articulação, ele conseguiu lotar o plenário da câmara de servidores para “pressionar” os vereadores na votação do referido projeto.
O resultado é que somente um vereador manteve a posição do prefeito, e o projeto fora aprovado com folgas. Essa foi a primeira de muitas rasteiras nos Bom-Jesuenses.
É fato também que o prefeito vencedor das eleições de 2000, aliado desse vereador, não cumpriu a lei ao não conceder o reajuste proposto por seu parceiro de câmara, configurando-se ali um verdadeiro estelionato eleitoral aos servidores.
A segunda rasteira se consumou também em 1999, quando o então governador recém eleito Antonhy Garotinho criou as ADR’s (Agencias de Desenvolvimento Regional) com o único e claro objetivo em fortalecer seus aliados políticos pelo interior do estado do Rio de Janeiro visando as eleições municipais de 2000, na ocasião seu padrinho político Leonel Brizola, contrariado com tal atitude rompeu com seu pupilo que acabara de tomar posse no Palácio Guanabara.
A criação dessas ADR’s proporcionou a absurda situação das verbas estaduais serem repassadas ao Agente local (hoje secretário municipal de obras e ex-prefeito) e não aos prefeitos, onde previamente o governador dava palanque a seus aliados, o curioso é que essas ADR’s somente tinha função efetiva nos municípios onde o prefeito não era aliado do governador e foram imediatamente extintas após as eleições de 2000.
Chegando ano de 2000, no período eleitoral, começou a triste era do intervencionismo externo em nossa eleição, com o governador bancando financeiramente e políticamente a todo custo para que seu candidato se elegesse, mesmo tendo como adversário o Sr. Alvaro Moreira, que governou Bom Jesus de 1993/1996 proporcionando talvez uma das melhores administrações públicas já visto em nossa querida Bom Jesus.
Me recordo até hoje que os carros de som de campanha de seu aliado transmitia a mensagem do próprio governador (aquele texto hipócrita que começava com “minha amiga dona de casa, meu irmão trabalhador...”) em vez de transmitir a mensagem de seu candidato, e o governador com toda sua brutalidade anti-democrática nos enfiou garganta abaixo um prefeito que certamente proporcionou a “PIOR ADMINISTRAÇÃO DE NOSSA HISTÓRIA”, digo isso pois ele sofreu uma derrota acachapante em 2004 mesmo tendo o apoio da máquina pública estadual, na ocasião governada pela esposa do referido governador.
E eles não ficaram satisfeitos com a derrota, não aceitaram, e partiram para a nojenta disputa nos tribunais onde conseguiram através das manobras jurídicas mais sombrias possíveis, a cassação do mandato do Sr Carlos Borges Garcia, um político que sempre administrou com extrema austeridade e lisura (venceu 4 eleições), com incontestável competência administrativa onde praticamente tudo que temos hoje em termos de infra-estrutura adminitrativa tem sua marca na placa de inauguração.
O objeto da denuncia, foi um apartamento de propriedade do Sr Carlos Garcia que foi “rifado” e não declarado em campanha, o famoso “caixa dois”, ou “recurso não contabilizado”. Como disse o ex-presidente Lula, “é pratica comum exercida sistematicamente no Brasil”, eu particularmente não tenho conhecimento de um chefe do executivo ter sido caçado por caixa dois, é punido sim, mas com multa.
Como se não bastasse, o poder de influencia desse ex-governador no judiciário nos impressiona e nos deixa intrigados, eles conseguiram também caçar a candidatura do Sr Paulo Sérgio do Canto Cyrilo pelo mesmo motivo, pois ele era vice do Sr Carlos na ocasião do apartamento rifado.
Segundo juristas e advogados que conheço, trata-se de um dos maiores absurdos jurídicos que se tenha conhecimento.
O resultado dessa intervenção do “garotismo” em nosso município está nessa crise que hoje vivemos, onde nos últimos sete anos tivemos seis prefeitos, e somos desgovernados por uma prefeita que perdeu no voto popular mas ganhou nas sombria esfera jurídica, e esse grupo político incompetente e arrogante se prepara para levar mais uma eleição.
Abram seus olhos meus conterrâneos!