sexta-feira, 11 de maio de 2012

Situação ambiental em Bom Jesus do Itabapoana/RJ



Vou fazer uma explanação sobre a situação ambiental em Bom Jesus do Itabapoana relatando uma avaliação basicamente em três pontos:

01 – Destinação do lixo

Em 1996 o governo municipal colocou em prática um projeto para acabar com o lixão que havia no local popularmente denominado como “arrebenta rabicho” que durante décadas degradava o meio ambiente com o despejo de lixo naquela área. Em 1997 o novo governo inaugurou em Santa Isabel a Unidade de Tratamento de Lixo no qual era realizado a separação do lixo seco e o aterramento do lixo úmido de maneira não muito apropriada, mas que estava dentro dos limites aceitáveis. Essa U.T.L. gerava em torno de cinquenta empregos com atividades em dois turnos, era bem organizado, inclusive com refeitório, e no sistema cooperativado com apoio da prefeitura.

Antiga Unidade de tratamento de Lixo, hoje um gigantesco lixão, que além de agredir o meio ambiente, agride os moradores da Nova Bom Jesus com a fumaça tóxica do lixo que queima diariamente
Lamentavelmente a partir de 2001 esse projeto deixou de ser executado na parceria entre o poder público e a cooperativa, pois também nessa época se iniciou um processo de deterioração do maquinário da prefeitura que impossibilitava uma coleta de lixo eficaz. Com isso hoje o que antes reciclava lixo, gerava emprego e preservava o meio ambiente, hoje se tornou um lixão descontrolado onde a agressão ambiental é diária e constante chegando ao absurdo do lixo hospitalar de todo o município ser queimado em uma vala rasa duas vezes por dia e todos os dias expondo ao risco iminente o lençol freático existente naquela área e muito próximo do Rio Itabapoana.





Há de se registrar que além da U.T.L., havia também próximo dali a horta municipal, com produção de hortaliças que abastecia a rede municipal de ensino junto com a produção de mudas para distribuir aos pequenos agricultores.



02 – Plano Diretor e Código de Posturas Municipal 

Além das determinações ambientais contidas no plano diretor do município, temos também no Código de Posturas do Município artigos que aborda questões ambientais e preventivas, como por exemplo a proibição de qualquer tipo de extração de areia, mas que na prática a areia é extraída criminosamente de nosso rio proporcionando o grave assoreamento do leito do Itapaboana, proíbe-se também a extração de saibro, exceto com autorização da prefeitura depois de atender todos os critérios técnicos para diminuir o máximo o impacto ambiental, mas o próprio governo extrai saibro na base de uma reserva florestal, nada mais criminoso! Registre-se também o fato de nosso município não ter tratamento de esgoto sanitário despejando diariamente no Rio Itabapoana todo esgoto “in natura” que produzimos.  

Em Pirapetinga, a prefeitura paga R$ 525,00/mês de aluguel por este terreno para manter um lixão ao lado de uma mata, como se não bastasse, todos os dias o lixo é queimado, e o mesmo é feito em Rosal.
Extração de saibro da própria prefeitura na base de uma reseva de Mata Atlântica, na estrada que liga Rosal à Arraial Novo
Está para se iniciar um projeto de saneamento e tratamento de todo o esgoto sanitário da parte baixa do bairro Lia Márcia que amenizará um pouco as agressões ambientais sofridas pelo nosso rio.Mediante a esse histórico, chegamos lamentável condição de estarmos na contramão da ordem mundial, em 1996 tínhamos um poder público com preocupação com o desenvolvimento sustentável preservando o meio ambiente e hoje o descaso irresponsável do governo chega ao ponto limite de que no orçamento de 2011, para o meio ambiente fora destinado R$ 230.000,00 para todo ano de 2011, e para o gabinete da prefeita R$ 2.778.000,00 para o ano de 2011.

03 - Construção de UHE e PCH’s

Desde 1998 que a região serrana de Bom Jesus do Itabapoana vem sofrendo diversas intervenções na construção de uma Usina Hidroelétrica (UHE) em Rosal e duas Pequenas Centrais Hidroelétricas em Calheiros e no Caeté (PCH Pirapetinga_. A UHE de Rosal foi a obra que proporcionou o maior impacto ambiental, mas foi a que cumpriu com todos os trâmites firmando compromisso de viabilizar contrapartidas ambientais no entorno do grande lago formado pela barragem. Lá foi criada a APP e de fato houve recuperação de mata nativa em vários pontos no entorno do lago, mas outras várias áreas ainda não houve a recuperação propostas.

Cerca recém construida dentro da APP
Nascente dentro da APP pisoteada pelo gado clandestino
Dupla irregularidade, onde deveria ser uma APP, além de não haver reflorestamento, há desmatamento e criação de pastagens clandestinas 
O maior problema está nas duas PCH’s, pois nesses casos não houve nenhum processo relativo às contrapartidas, não há nenhum documento no poder público municipal que garanta a exigência que as concessionárias pratiquem políticas ambientais compensatórias, somente demarcaram a área inserida na APP (Área de Proteção Permanente), mas nada foi posto em prática, e o pior, as áreas protegidas estão sendo loteadas para pastagens, não houve nenhum processo de reflorestamento, além de um possível desmatamento da área.



Loteamento de pastagem clandestina
Impacto ambiental na PCH Pirapetinga não compensado
Após esse relato, volto a questionar o poder público municipal e estadual dentro de suas prerrogativas fiscalizadoras e que não se põe em prática se responsabilizando pelos crimes ambientais existentes pela omissão e o descaso. Não há nenhum resquício de políticas públicas ambientais em nosso município, o poder público tanto na esfera executiva como na legislativa estão completamente indiferentes à crise ambiental já existente em nosso município.